Segunda noite consecutiva de confrontos
A morte de Marvin, de 17 anos, continua a abalar a cidade de Lausanne, na Suíça. O jovem perdeu a vida na madrugada de domingo, 24 de agosto, depois de perder o controlo da scooter em que seguia durante uma perseguição policial.
Horas após o acidente, registaram-se protestos violentos no bairro de Prélaz, que se repetiram na segunda-feira à noite.
De acordo com a polícia, entre 150 e 200 pessoas ergueram barricadas em chamas com contentores e entulho pouco antes das 22h de segunda-feira. Quando as primeiras patrulhas chegaram, foram recebidas com pedras, grades metálicas, fogo de artifício e até cocktails Molotov.
As forças de segurança responderam com balas de borracha, gás lacrimogéneo (54 granadas disparadas) e jatos de água. No bairro de Boveresses/Praz-Séchaud, houve ainda mais incêndios de contentores e danos graves num autocarro dos transportes públicos (TL).
No total, sete pessoas foram detidas e encaminhadas para o Ministério Público e Tribunal de Menores. Cerca de 140 agentes da polícia e 24 bombeiros participaram na operação. Apesar dos estragos consideráveis, não há feridos a registar.
Na segunda-feira, dezenas de jovens reuniram-se no local do acidente para prestar homenagem a Marvin, deixando flores e mensagens.
Três amigos próximos — Keyysonne, Yohan e Sherif — lembraram-no como “uma boa alma, sempre com um sorriso”. Apesar de compreenderem a revolta, condenaram os distúrbios:
“Não é o caminho certo para homenagear Marvin. Ele era positivo, não um delinquente.”
Outros moradores reconhecem uma frustração profunda entre os jovens da cidade. “Eles sentem que nunca são ouvidos. Acham que a polícia nunca é responsabilizada nestes casos. Por isso queimam coisas, para chamar atenção”, contou um residente.
Filho de uma família congolesa integrada em Lausanne, Marvin era descrito como tranquilo, religioso e apaixonado pela música. Sonhava ser rapper profissional, assinando como MNS, e tinha acabado de gravar um videoclipe poucas horas antes da tragédia.
Os pais rejeitam qualquer ligação do filho a comportamentos criminais e afirmam que Marvin nunca teve problemas com a polícia.
As autoridades apelam à calma e ao respeito pela ordem pública, mas temem novas noites de violência. Grupos de extrema-direita já anunciaram manifestações de resposta em Lausanne, aumentando o risco de novos confrontos.
Entretanto, os amigos e a família de Marvin pedem apenas uma coisa:
“Deixem-nos chorar em paz. Que Marvin descanse.”
Apresentamos as nossas sinceras condolências à família e amigos do Marvin.
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